GSSS+ Bonds: entenda como os títulos rotulados funcionam

A urgência para que o setor privado se mobilize para fazer frente a desafios globais como as mudanças climáticas, inclusão social e o desenvolvimento sustentável tem só se tornado mais evidente ao longo da última década.

Acordos e frameworks internacionais como os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU e o Acordo de Paris demandam ações contundentes dos governos, da sociedade civil e dos negócios de forma a fazer frente a diversidade de questões ambientais e sociais que demandam respostas.

Em resposta a esse contexto, instrumentos financeiros inovadores emergiram para apoiar a melhora da performance de sustentabilidade das empresas, destacando-se os GSSS+ bonds (green, social, sustainability e sustainability-linked bonds), ou títulos rotulados. Esses instrumentos podem ser estruturados de duas formas:

• Green, Social e Sustainability Bonds constituem operações baseadas em uso de recursos, em que o valor captado na operação deve ser destinado a projetos específicos que tenham adicionalidade ambiental, social ou ambos.

• Já os Sustainability-Linked Bonds (ou SLBs) são operações baseadas em Desempenho ESG, ou seja, a organização emissora pode usar o montante captado da maneira que lhe convir, porém se compromete a atingir determinada(s) meta(s), caso não consiga cumprir, sofrerá um acréscimo na taxa de juros da operação ou outra penalização na estrutura financeira da dívida, ocasionando em um ônus financeiro.

Devido as suas características de uso livre de recursos, os SLBs são instrumentos acessíveis a um maior número de empresas, visto que, não se faz necessário ter um projeto elegível específico para destinação de recursos.

Muito por conta dessa acessibilidade, a emissão de SLBs foi a que teve a maior taxa de crescimento no ano de 2021 no mundo. Na América Latina os SLBs já foram o instrumento de dívida rotulada que mais movimentou dinheiro em 2021, representando 32% do total movimentado nas operações sustentáveis. Isso é surpreendente, visto que, a primeira emissão de SLB no mundo ocorreu apenas em 2019, pela ENEL, enquanto os green bonds tiveram sua primeira emissão em 2007. Esse cenário evidencia uma excelente receptividade desse formato pelos atores do mercado.

Empresas ambiciosas de todos os tipos podem utilizar os SLBs como uma forma de preencher a lacuna entre performance em sustentabilidade e financiamento para apoiar suas ambições. Além disso, se faz possível sinalizar ao mercado o compromisso com a estratégia de sustentabilidade formulada e atestar a credibilidade e robustez das metas e KPIs escolhidos.

Dessa forma, os SLBs se apresentam como uma excelente oportunidade para empresas já iniciadas na jornada rumo à integração de temas ESG à estratégia corporativa, possibilitando conferir maior concretude aos compromissos colocados.


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